Pôr fim ao desastre<br>Intensificar a luta, preparar o XIX Congresso
Ao longo deste ano e meio de aplicação do pacto de agressão ao povo e ao País, os seus promotores (PS, PSD e CDS, apoiados por Cavaco Silva) contaram sempre com o apoio dos comentadores dos diversos órgãos da comunicação social dominante, bem como do grande capital – verdadeiro beneficiário desta política.
Aumenta o número dos que têm vindo a resistir e a lutar
Foram horas de rádio e televisão, centenas de páginas de jornais e revistas a apresentar este caminho como inevitável. Debates encenados para concluir que não há alternativas à «ajuda externa». Vários governantes e outros fazedores de opinião a garantir que este era o «bom caminho» que devolveria ao País a confiança dos «mercados».
No plano partidário, apenas o PCP afirmou, desde início, a necessidade e possibilidade de um outro rumo, que rompesse com a política de direita e rejeitasse o pacto de agressão. Quando se multiplicavam os apelos à resignação e ao conformismo, o PCP apontava a intensificação e multiplicação da luta contra todas e cada uma das medidas como a resposta necessária para abrir caminho à derrota desta política de desastre.
Com o alargamento da consciência de que esta política não serve o povo nem resolve os problemas do País, aqueles que defendiam (e defendem) o pacto de agressão e a política de direita desdobram-se em demarcações do Orçamento do Estado agora apresentado. Os próprios dirigentes e governantes do PSD e do CDS ensaiam demarcações, parecendo que este orçamento não tem autores. Uns e outros mudaram de frequência nos seus comentários porque perceberam o descontentamento, a revolta e a disponibilidade crescente dos trabalhadores e do povo para resistir e lutar.
É evidente o crescimento da luta e da contestação a esta política. Após as manifestações de 15 e 29 de Setembro, a Marcha Contra o Desemprego, promovida pela CGTP-IN, comprovou o alargamento da luta e a elevação da consciência e da disponibilidade para a prosseguir. Além das grandes acções de massas que representaram as dezenas de percursos que compuseram a Marcha, a firmeza e a combatividade com que os trabalhadores e a população aderiram foi notável.
No distrito do Porto, a Marcha teve o seu momento de maior adesão no percurso entre o Porto e Gaia, onde mais de 10 mil manifestantes não foram suficientes para aparecerem nos noticiários da televisão. Mas, no dia anterior, a passagem por Matosinhos, Valongo e Maia constituiu uma enorme manifestação de apoio popular. Milhares de pessoas nas ruas manifestavam o seu apoio e muitos integraram o percurso participando numa manifestação pela primeira vez, aumentando o caudal daqueles que têm vindo a resistir e lutar nas empresas e na rua, exigindo soluções concretas para os problemas que infernizam a vida de quem trabalha e que rouba o futuro à juventude.
Face à situação do País e ao alargamento da consciência de que esta política não serve, a greve geral convocada para 14 de Novembro tem todas as condições para ser transformada numa enorme jornada de luta dos trabalhadores e do povo português, contra o pacto de agressão, em defesa da sua dignidade, das suas condições de vida e do futuro do País.
Congresso é momento de afirmação
A par da construção da greve geral – da sua divulgação e afirmação, da criação dos comités de greve ao nível dos diversos locais de trabalho, do esclarecimento e da mobilização de trabalhadores para participarem na greve, da constituição de piquetes – aos comunistas coloca-se outra prioridade: preparar o XIX Congresso do Partido.
Estão agendadas centenas de reuniões, debates e assembleias para debater os documentos colocados à discussão pelo Comité Central. É um grande espaço de discussão, expressão da democracia interna do Partido, envolvendo as organizações e os militantes na análise e proposta sobre a situação nacional e internacional, sobre a luta de massas e a necessidade do seu desenvolvimento, sobre o Partido e a necessidade do seu reforço.
Num momento particularmente exigente na vida do nosso País, quando muitos venceram a barreira do conformismo e da resignação, a preparação do XIX Congresso tem que ser encarada também como momento de afirmação da alternativa a este rumo, de afirmação da possibilidade de romper com este rumo, projectando os valores de Abril no futuro de Portugal. Um caminho possível, tal como referem as Teses, pelo reforço do PCP com a ampliação decisiva da sua influência política, social e eleitoral; associado ao vigoroso desenvolvimento da luta de massas que conflua para a criação de uma vasta frente social; e à alteração da correlação de forças no plano político favorável a uma ruptura com a política de direita e à construção de uma política patriótica e de esquerda.